N a semana passada, um anúncio de demissão em massa pegou de surpresa cerca de 300 funcionários do grupo Aurantiaca, detentor da empres...
VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR DE:Um ex-tratorista da empresa, que prefere não ter o nome divulgado, conta que houve uma reunião na fábrica para comunicar a decisão. O ex-empregado diz que a situação foi totalmente inesperada, já que havia sido promovido recentemente. “Foi um baque para todos”, lembra.
A Obrigado possui duas fazendas na região de Conde, onde é feito o cultivo dos cocos. Juntas, elas somam quase 7 mil hectares com cerca de 400 mil coqueiros plantados. A baixa na empresa pode abalar o protagonismo da Bahia, que tem a maior produção do fruto do país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2017, o estado representou 22% do mercado nacional, ficando a frente do Ceará (18%) e Sergipe (17%).
Perto das fazendas, a cerca de 25 km, fica a Frysk Industrial, fábrica que produz todos os produtos da marca. Na indústria, as atividades desenvolvidas pelos operários consistiam, basicamente, no envasamento, manutenção, tratamento da água de coco, administrativo, limpeza e logística. Já nas fazendas o trabalho concentra-se, sobretudo, na colheita do fruto. Em seu site, a Obrigado informa ainda que trabalha com outros produtos como água de coco saborizada com frutas, leite de coco e coco ralado.
Os trabalhadores não têm certeza sobre o amanhã. Eles dizem não se sentirem bem informados sobre o futuro da empresa, mas estão esperançosos, já que na reunião da demissão foi dito que havia um grupo interessado em investir na fábrica e que os empregados poderiam ser readmitidos. Por causa dessa possibilidade, eles preferiram não se identificar.
Outro lado
Procurada, a direção da Obrigado nega que a fábrica tenha fechado e fala em pausa. De acordo com Adriano Meyer, diretor da marca, o mercado nacional não respondeu como esperado e não oferece mais resultados para manter o modelo de negócio. A empresa então optou por uma reestruturação e decidiu parar a unidade fabril durante os próximos três a seis meses.
Impacto das demissões preocupa Prefeitura do Conde
A atividade de cultivo do coco representa, segundo informações da Prefeitura de Conde, mais de 20% da economia local. As demissões oficializadas na fábrica da Obrigado, foram recebidas com preocupação pela administração local.
“O impacto é extremamente ruim para a economia do município.Por um lado, serão centenas de pessoas desempregadas, entre elas vários pais de família. Por outro lado, esse fato acontece em um período que o país passa por situação de desemprego altíssimo, e ainda no final de ano onde as gestões públicas estão preocupadas em fechar o orçamento do ano. A Prefeitura de Conde, está, sim, preocupada com o desemprego gerado e para dialogar com estes profissionais, para assim, juntos buscarmos uma solução”, disse, em nota, a prefeitura local.
Questionada pelo CORREIO sobre o diálogo entre a administração municipal e a empresa, para buscar evitar as demissões na unidade, e assim não afetar a economia da cidade, a prefeitura sinalizou uma dificuldade na relação com a empresa.
Diálogo
“O atual gestor da cidade sempre esteve aberto para dialogar com os representantes da empresa Frysk, estes por seu lado se mantiveram fechados. A verdade é que nestes quase três anos da atual gestão, a Frysk trocou várias vezes de direção, e cada uma que assumia, era mais fechada que a anterior”, afirma nota da prefeitura.
Procurada, a empresa refutou qualquer bloqueio na comunicação com o poder público e a comunidade local. “Temos normas de governança muito rígidas e nunca nos envolvemos em política de qualquer nível. Sempre tivemos total apoio e uma relação de ótima vizinhança com o município do Conde. Pretendemos continuar no município, inclusive reabrindo com maior capacidade”, comentou o diretor do grupo Adriano Meyer, que reafirmou que as demissões são apenas temporárias.
Por: Correio 24 horas