Cientistas temem que óleo no litoral do Nordeste atinja manguezais

Amostras do petróleo encontrado nas praias de Sergipe e no município baiano de Conde começaram a ser analisadas, nessa segunda-feira (0...

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Amostras do petróleo encontrado nas praias de Sergipe e no município baiano de Conde começaram a ser analisadas, nessa segunda-feira (07), por pesquisadores do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo da Universidade Federal da Bahia (Ufba). De acordo com os cientistas, aparentemente, o material está degradado e existe o risco de que ele contamine áreas de mangue, ecossistema que é considerado o berçário da vida marinha.

A direção do Instituto de Biologia (Ibio-Ufba) já disponibilizou quatro especialistas, que viajarão quarta-feira (9) para ajudar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no diagnóstico da situação dos ecossistemas marinhos das regiões baianas afetadas.

Mesmo sendo um dos últimos estados onde o lamaçal de petróleo chegou, as manchas avistadas foram consideradas grandes tanto pelo Instituto de Geociências quanto pelo Ibio. Até o momento, três cidades baianas registraram aparições do óleo: Conde, Esplanada e Jandaíra (Mangue Seco).

“Os órgãos já nos informaram que animais como tartarugas marinhas e peixes morreram em decorrência de contaminação por óleo. Nós vamos inclusive recolher e periciar esses animais em nossos laboratórios”, contou Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia.

Só depois do levantamento nas partes atingidas é que o grupo de atuação poderá entender o nível de preocupação: se é um caso leve, médio ou de grave impacto ambiental. Conforme Kelmo, a contaminação dos manguezais é preocupante porque é lá que se produz boa parte da energia biológica da fauna marinha. Por ser uma área de difícil acesso, muito animais vão para esses ecossistemas para se reproduzir. “Todas as espécies que usam o manguezal vão perder esse espaço e, assim, se perde o berçário”, alertou o diretor do Ibio.

E não é somente a vida marinha que pode estar comprometida. O especialista lembrou ainda das comunidades de pescadores, que vivem dos produtos extraídos do mar. Segundo Kelmo, boa parte destes mariscos filtram a água do mar e, se peixes e caranguejos se alimentarem do óleo, por exemplo, a população consumidora destes frutos do mar pode acabar comendo material contaminado e sofrer envenenamento. Como consequência, os pescadores podem perder o seu sustento diário.

Ainda segundo o diretor do Ibio, após o diagnóstico, será preciso criar uma estratégia de recuperação do meio ambiente, na qual será necessário monitorar, por no mínimo dois anos, estes ecossistemas.

“Mangue Seco é uma Área de Proteção Ambiental (APA). Lá temos vários ambientes, como a restinga, o mangue, a Mata Atlântica, ecossistema marinho, rios e tem uma enorme fauna de pássaros que se alimentam de moluscos. É uma região muito rica e, inclusive, turística, então essa situação coloca em risco um ecossistema grande”, disse Francisco Kelmo.

Estudo
Ao mesmo tempo em que 17 amostras dos pontos afetados na costa sergipana chegavam às mãos dos cientistas da Ufba, recebia-se a notícia, na última sexta-feira (04), de que o fluído já havia atingido as praias de Conde e Siribinha, no nordeste da Bahia. No dia seguinte, dois pesquisadores se deslocaram até estes locais para coletar mais material para análise. Uma delas foi Sarah Rocha, doutora em química.

“O volume de petróleo que encontramos lá é grande. A parte maior está localizada em Sítio do Conde, onde a gente consegue ver poças. Em Siribinha o óleo estava mais disperso, o que consideramos até mais crítico por ser mais complicado fazer a limpeza”, contou ela, que fez a coleta com um parceiro da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Uma tartaruga marinha foi encontrada morta, já em estado de decomposição, mas a equipe não pôde confirmar se o animal morreu em consequência do vazamento de óleo.

Em uma das praias, a pesquisadora encontrou crianças pegando o material para brincar e alertou para os riscos. “As pessoas falavam também que iam pegar o petróleo para colocar no barco. É importante dizer para todos que não entrem em contato com esse óleo porque ele tem muitos componentes tóxicos, que são cancerígenos. Além disso, ali é só óleo, o processo até se chegar na gasolina é muito diferente”, explicou Sarah.

Segundo a professora Olívia Cordeiro de Oliveira, diretora do Instituto de Geociências (Igeo), além do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), a Ufba é um dos poucos locais do país com estrutura para determinar a origem do fluído que há cerca de um mês apareceu no Nordeste do país. Este novo estudo está sendo feito para garantir a isenção dos laudos, uma vez “que a universidade não pende para nenhum lado”, pontuou Olívia.

“Antigamente, só quem tinha expertise neste conhecimento era a Petrobras. Quando os investimentos governamentais nas universidades cresceram, passamos também a investigar as amostras das bacias de petróleo. Quando acontecia um acidente, se a Petrobras fosse culpada, ela mesmo que se investigava. Então, isso não pode e é por isso que nosso estudo é importante, porque é isento”, observou a diretora.

Olívia Cordeiro de Oliveira explicou que o Laboratório de Estudos em Petróleo da universidade possui uma equipe multidisciplinar, formada por geólogos, biólogos e químicos com capacidade para determinar, por exemplo, se o óleo encontrado é brasileiro ou não. “Podemos analisar se é um óleo com características das bacias petrolíferas do Brasil, Arábia Saudita, Colômbia, Venezuela ou do estado do Arkansas, nos EUA”, listou.

A diretora esclareceu, também, que o petróleo possui características que o identificam como uma espécie de DNA e os cientistas conseguirão confirmar, a partir de um extenso banco de dados de amostras, se o material é oriundo ou não de uma das dez bacias petrolíferas brasileiras.

“Existem alguns organismos que só viveram em determinado período da nossa era geológica, então quando identificamos esses organismos, chamados de biomarcadores, sabemos dizer quando ele viveu e comparamos com a idade das bacias petrolíferas”, esclareceu Olívia. A esse processo é dado o nome de geoquímica forense.

Para as cientistas da Ufba, o petróleo encontrado é uma espécie de pixe. Elas não vislumbram uma utilidade para ele, já que está aparentemente degradado e coberto por areia e sedimentos. Elas indicam que a possível destinação do material seria a costumeira incineração, o que geraria um segundo problema ambiental.

Áreas atingidasAtravés de nota, o Ibama informou que desde a última quarta-feira (02) vem estabelecendo uma série de ações com o objetivo de investigar o despejo do petróleo cru no litoral nordestino, que já conta com 132 localidades atingidas em 61 municípios de nove estados da região: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Conforme o relatório, 11 tartarugas e uma ave foram encontradas mortas ou machucadas. O documento produzido em parceria com o Centro de Pesquisas da Petrobras sobre as áreas oleadas revela que, no Conde, a limpeza já foi iniciada, assim como em outros onze locais. O Instituto do Meio Ambiente (Inema) informou que a remoção na cidade foi iniciada no sábado (05).

O Ibama comunicou também que requisitou apoio da Petrobras para atuar na remoção da substância. O trabalho está sendo feito por população local e agentes comunitários contratados pela petrolífera, que recebem treinamento prévio. A assessoria do órgão divulgou, ainda, que laudos da Marinha do Brasil e da Petrobras concluíram que o fluído é petróleo cru, ainda sem origem identificada.

A petrolífera acrescentou ainda que o material encontrado não está disponível em bacias brasileiras. Informações do Jornal Correio*
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