Parece coisa de Brasil, mas não é: Juana Escudero Lexcano, de 53 anos, é uma espanhola natura de Sevilha, que trava há sete anos uma luta inglória: provar ao governo espanhol que está viva.
VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR DE:A saga de Juana começou em 13 de maio de 2010, quando descobriu ao dar entrada num hospital que a administração pública a considerava morta.
"Quando (a médica) colocou meu nome no computador, eu aparecia como morta.
Virou a tela para me mostrar. Falecida. Era o que estava escrito. Claro que a mulher me atendeu porque sabia que o meu caso era urgente. E me falou para cuidar disso depois", relatou.
Pelos registros públicos, ela está enterrada no cemitério de Málaga. Sua declaração de morte chegou a ser publicada no Boletim Oficial do Estado, o que ocorre quando parentes não são encontrados. O cemitério avisava que, por falta do pagamento da cota de manutenção, desocuparia o nicho em que ela "estava".
Trata-se, claro, de um caso de homônimos cercado de mais outras infelizes coincidências: tanto a Juana viva quanto a morta não só têm o mesmo nome e sobrenome, mas também a mesma data de nascimento.
As coincidências geram gera graves problemas na vida de Juana.
Ela tem tido dificuldades, por exemplo, para renovar carteira de habilitação, ir ao médico e se regularizar com a Receita Federal e a Previdência Social.
Na Receita, Juana ainda soube que poderia ser acusada de usurpação de identidade. Quando ficou viúva, em 2011, precisou apresentar uma fé de vida para tirar os documentos.
"Para os computadores do Estado estou morta, mas para os bancos estou vivinha da silva", frisou ao "El País" a espanhola, que paga sem obstáculos os empréstimos, a hipoteca e o seguro de vida.