“Mansão do tráfico” é como a polícia define as casas ocupadas por traficantes do primeiro escalão do crime organizado nas comunidades do Rio.
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A de Rogério 157, na Rocinha, é a mais nova da lista. E, pelo que se vê nas imagens liberadas no último domingo pela Polícia, a mais clean. O chão é branco, todas as paredes são brancas, a luminária - um lustre candelabro, como se diz, com pedente de gotas e mais de uma lâmpada - sobre a mesa de almoço é branca.
A "mansão'' tem uma suíte, banheiro social, cozinha americana, sala em dois ambientes (estar e jantar) e varanda. Uma detalhe chama a atenção, enquanto a varanda da casa encravada na Rocinha se debruça sobre a infinidade de construções da favela que virou bairro, a sala de estar tem em uma de suas paredes um painel fotográfico com a vista de São Conrado; "Casinha boa, ele gosta de coisa boa", diz um dos policiais que filmam o local.
Os eletrodomésticos de Rogerinho também são coisa boa. Os aparelhos de ar-condicionado são split. A geladeira é inox, “french door inverse“', como anunciam o modelo nas boas casas do gênero. Daquelas com filtro, gelo e uma espécie de computador de bordo na porta. O preço gira em torno de R$ 13 mil. A TV, enorme, deixa o refrigerador na idade da pedra; "Ele só gosta de 60 polegadas para lá", comenta o mesmo policial.
Se for bem para lá, pode ser um modelo smart de 75 polegadas. Pela imagem, é mais que isso. A tela do modelo é curva, como as modernas 4K, com “pontos quânticos e entradas HDMI e USB'”. O valor de uma dessas pode chegar a R$ 37 mil. O banheiro da suíte traz ainda uma banheira de hidromassagem top de linha, com apoio para a cabeça, produto que custa em torno de R$ 2 mil.
A questão não é propriamente a presença de eletrodomésticos de qualidade numa comunidade carente da cidade. Mas o fato de as demais residências do lugar estarem longe disso. E talvez essa comparação explique o quase adjetivo “mansão” para definir todo e qualquer imóvel de traficante.
No caso da Rocinha, o contraste abrange questões primárias, como saneamento básico, já que o esgoto corre a céu aberto e o lixo se confunde com a paisagem em muitas vielas da favela ocupada por quase 100 mil pessoas. A insalubridade vem a reboque da dificuldade de acesso para a coleta do lixo e da alta densidade demográfica que impede ainda a circulação de ar e a entrada de luz. A soma desses fatores joga para o alto um índice alarmante: a taxa de incidência de tuberculose de 372 casos por 100 mil habitantes, 11 vezes maior que a média nacional (dados de 2015).
Em 2013, chegou a ser anunciada a construção de um teleférico na comunidade, na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), mas ativistas comunitários se mostraram contrários à ideia, ressaltando que o dinheiro anunciado para isso, R$ 152,2 milhões, deveria ser aplicado em questões mais urgentes, como a melhoria da infraestrutura de saneamento.
A "mansão'' tem uma suíte, banheiro social, cozinha americana, sala em dois ambientes (estar e jantar) e varanda. Uma detalhe chama a atenção, enquanto a varanda da casa encravada na Rocinha se debruça sobre a infinidade de construções da favela que virou bairro, a sala de estar tem em uma de suas paredes um painel fotográfico com a vista de São Conrado; "Casinha boa, ele gosta de coisa boa", diz um dos policiais que filmam o local.
Os eletrodomésticos de Rogerinho também são coisa boa. Os aparelhos de ar-condicionado são split. A geladeira é inox, “french door inverse“', como anunciam o modelo nas boas casas do gênero. Daquelas com filtro, gelo e uma espécie de computador de bordo na porta. O preço gira em torno de R$ 13 mil. A TV, enorme, deixa o refrigerador na idade da pedra; "Ele só gosta de 60 polegadas para lá", comenta o mesmo policial.
Se for bem para lá, pode ser um modelo smart de 75 polegadas. Pela imagem, é mais que isso. A tela do modelo é curva, como as modernas 4K, com “pontos quânticos e entradas HDMI e USB'”. O valor de uma dessas pode chegar a R$ 37 mil. O banheiro da suíte traz ainda uma banheira de hidromassagem top de linha, com apoio para a cabeça, produto que custa em torno de R$ 2 mil.
A questão não é propriamente a presença de eletrodomésticos de qualidade numa comunidade carente da cidade. Mas o fato de as demais residências do lugar estarem longe disso. E talvez essa comparação explique o quase adjetivo “mansão” para definir todo e qualquer imóvel de traficante.
No caso da Rocinha, o contraste abrange questões primárias, como saneamento básico, já que o esgoto corre a céu aberto e o lixo se confunde com a paisagem em muitas vielas da favela ocupada por quase 100 mil pessoas. A insalubridade vem a reboque da dificuldade de acesso para a coleta do lixo e da alta densidade demográfica que impede ainda a circulação de ar e a entrada de luz. A soma desses fatores joga para o alto um índice alarmante: a taxa de incidência de tuberculose de 372 casos por 100 mil habitantes, 11 vezes maior que a média nacional (dados de 2015).
Em 2013, chegou a ser anunciada a construção de um teleférico na comunidade, na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), mas ativistas comunitários se mostraram contrários à ideia, ressaltando que o dinheiro anunciado para isso, R$ 152,2 milhões, deveria ser aplicado em questões mais urgentes, como a melhoria da infraestrutura de saneamento.